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Inteligência Artificial Generativa: cenário global e brasileiro e o caminho para uma adoção responsável

  • Foto do escritor: Fermin Piccolo
    Fermin Piccolo
  • 16 de out.
  • 9 min de leitura

Estimativas na área de governança corporativa indicam que cerca de 90% dos dados digitais atuais foram gerados apenas nos dois anos mais recentes. À medida que as organizações buscam transformar este oceano de informação em conhecimento acionável, a Inteligência Artificial (IA) – e, especialmente, a IA generativa (GenAI) – surge como aliada indispensável.

O ritmo de adoção é impressionante. O Artificial Intelligence Index Report 2025 destaca que 78% das empresas já utilizavam IA em 2024, contra 55% em 2023. Pesquisas de mercado mostram que mais de 90% das organizações afirmam usar ou explorar IA – o que corresponde a mais de 300 milhões de empresas globalmente – e 92% planejam aumentar os investimentos em IA nos próximos três anos. Além disso, cerca de 50% dos profissionais que utilizam IA recebem pouco ou nenhum treinamento formal.

Enquanto isso, apenas 15,9% das empresas brasileiras possuem uma estratégia formal de GenAI, segundo o Mapa GenAI no Brasil (MIT Technology Review Brasil).

Este artigo faz um paralelo entre o cenário brasileiro e o global, discute barreiras e oportunidades e mostra como estratégia, governança e tecnologia podem transformar as empresas e a sociedade.

Cenário

Governança fraca e excesso de informações

  • Um mar de dados. O fenômeno do Big Data trouxe a sobrecarga de informações como desafio concreto. A estimativa de que 90% dos dados digitais foram criados nos últimos dois anos reforça a necessidade de métodos de gestão do conhecimento. Pesquisas conceituais mostram que o conhecimento é um ativo intangível e fonte de vantagem competitiva.

  • Adoção acelerada com pouca estrutura. Globalmente, 78% das empresas utilizam alguma forma de IA e 71% já usam GenAI em ao menos uma função de negócios. Porém, mais de 90% ainda estão experimentando ou nos estágios iniciais, e aproximadamente metade dos profissionais carece de treinamento formal. Esse descompasso favorece o Shadow AI – quando colaboradores usam ferramentas de IA sem o conhecimento da liderança.

  • Estratégia e liderança no Brasil. A pesquisa Mapa GenAI no Brasil ouviu 350 organizações e revelou que 73% já discutem GenAI, mas apenas 15,9% afirmam ter uma estratégia formal; 52,6% estão elaborando uma estratégia e 31,4% ainda não começaram esse processo Em 47,3% das empresas, a responsabilidade pela GenAI é compartilhada internamente; 27,5% não têm nenhum responsável definido e 75% não contam com um profissional exclusivo para o tema – evidenciando lacunas de liderança.

  • Governança, ética e riscos. O mesmo estudo mostra que 56,6% das empresas consideram a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) muito ou parcialmente influente na adoção de IA, mas 46,1% não possuem nenhuma diretriz ética para o uso de IA. As principais barreiras citadas na adoção da GenAI são conflitos internos (20,8%), riscos reputacionais (19,9%) e incerteza sobre o ROI (14,8%).

  • Capacitação e cultura técnica. Apenas 17,7% das empresas brasileiras avaliam que suas equipes têm alto conhecimento em GenAI; 39,4% consideram a capacitação média; 35,4% baixa; e 7,5% afirmam não ter capacitação nenhuma em GenAI. Quanto à implementação, 36,7% estão em projetos-piloto, 25,7% possuem integração parcial, 7,9% já integram totalmente a GenAI e 29,7% não iniciaram iniciativas nessa área. Em suma, há uma lacuna significativa de habilidades e estrutura para IA nas organizações brasileiras.

Visão global em relação ao Brasil

O quadro a seguir resume indicadores sobre a adoção de IA e GenAI no mundo versus no Brasil:

Indicador

Mundo

Brasil

Observações

Uso de IA

78% das organizações utilizam IA e mais de 90% exploram ou usam IA; 92% planejam aumentar investimentos em IA.

73% das empresas discutem GenAI, mas só 15,9% possuem estratégia formal definida.

Maturidade global mais avançada; no Brasil há interesse, mas pouca formalização.

Uso de GenAI

71% das empresas utilizam GenAI em pelo menos uma função de negócios.

36,7% em projetos-piloto, 25,7% com integração parcial, 7,9% com integração total; 29,7% sem iniciativas de GenAI.

O Brasil ainda está nos primeiros passos de integração.

Capacitação

Cerca de 50% dos profissionais que utilizam IA têm pouco ou nenhum treinamento formal.

17,7% consideram suas equipes altamente capacitadas; 39,4% medianamente; 35,4% com baixa capacitação; 7,5% sem nenhuma.

Falta de capacitação é uma barreira evidente.

Governança e ética

Estudo da McKinsey aponta que lacunas de talento e incertezas regulatórias são obstáculos frequentes na adoção de IA.

47,3% compartilham a liderança em GenAI; 27,5% não têm responsável; 75% não possuem profissional dedicado; 46,1% não têm diretrizes éticas para IA.

Governança frágil e falta de diretrizes éticas são entraves claros no Brasil.

Os dados mostram que, embora haja forte interesse, a maturidade organizacional para GenAI no Brasil ainda é baixa. As barreiras incluem falta de estratégia, lacunas de capacitação e ausência de governança e diretrizes éticas.

Ineficiências e perda de tempo

O cenário atual não se resume apenas às métricas de adoção: ele se manifesta no cotidiano das equipes. Uma análise do McKinsey Global Institute indica que o trabalhador de interação (profissionais de alta qualificação, como gestores e analistas) dedica 28% da semana ao gerenciamento de e-mails e quase 20% à busca por informações internas. Esse desperdício de tempo compromete a produtividade e a inovação. Sem plataformas adequadas, o excesso de dados se transforma em sobrecarga cognitiva: decisões são tomadas com base em informações incompletas e tarefas são replicadas desnecessariamente.

Combinados à falta de estratégia e governança para GenAI, esses fatores revelam ineficiências operacionais, riscos de compliance e perda de competitividade. Transformar esse cenário exige repensar processos, tecnologia e cultura.

Resposta: poupar tempo e gerar valor com GenAI

Aumento da eficiência e da produtividade

  • Automação e ROI. Um estudo de impacto econômico conduzido pela Forrester Consulting concluiu que a automação de processos gerou um ROI de 248% em três anos, com um valor presente líquido de US$ 39,85 milhões para a organização composta analisada. Ao eliminar tarefas repetitivas e acelerar fluxos de trabalho, os colaboradores recuperam centenas de horas que podem ser investidas em iniciativas estratégicas. A integração de GenAI potencializa esse ganho ao assumir tarefas de pesquisa e síntese de informações.

  • Agilidade e centralização do acesso à informação. Plataformas modernas de gestão documental centralizam versões e registros, permitindo que a equipe encontre o que precisa em segundos. Buscas inteligentes com processamento de linguagem natural recuperam a informação certa na hora certa e registram alterações para garantir transparência, reduzindo a sobrecarga cognitiva e melhorando a tomada de decisão.

  • Conformidade e rastreabilidade. Sistemas robustos garantem que políticas e prazos de retenção sejam cumpridos automaticamente, minimizando o risco de multas e sanções. O relatório do Ponemon Institute The True Cost of Compliance with Data Protection Regulations mostra que os custos de não conformidade são 2,71 vezes superiores aos custos de conformidade. Em termos absolutos, o custo médio anual de compliance é de US$ 5,47 milhões, versus US$ 14,82 milhões de prejuízo médio para as organizações não conformes. Investir em automação e IA, portanto, reduz riscos financeiros e reputacionais associados à não conformidade.

  • Melhoria na tomada de decisões. Com a “casa em ordem”, dados dispersos transformam-se em informação e conhecimento unificado. Busca semântica e versionamento garantem que relatórios estejam completos e atualizados, fortalecendo a governança corporativa. Ao reduzir o tempo gasto procurando dados e ao acelerar a análise, as lideranças podem focar em decisões estratégicas com base em informações confiáveis.

Rompendo limites rumo à adoção sustentável

  1. Estabelecer uma estratégia sólida de GenAI. Defina objetivos claros (como aumentar produtividade, impulsionar inovação ou reduzir custos) e métricas de ROI para iniciativas de IA. No Brasil, somente 15,9% das empresas possuem estratégia formal para GenAI – elaborar um roadmap é o primeiro passo para sair do piloto e avançar na maturidade.

  2. Criar estruturas de governança e ética. Nomeie responsáveis pela GenAI, integre equipes de TI, jurídico e compliance, e adote códigos de ética para uso de IA. O relatório brasileiro mostra que 46,1% das organizações não possuem diretrizes éticas para IA; políticas claras são urgentes. A LGPD e o Plano Brasileiro de IA podem servir de base inicial para orientações regulatórias e éticas.

  3. Investir em capacitação e cultura. A falta de treinamento é recorrente: globalmente, cerca de 50% dos profissionais que usam IA receberam pouco ou nenhum treinamento formal, e apenas 17,7% das empresas brasileiras consideram suas equipes altamente capacitadas em GenAI[11]. Programas contínuos de formação, hackathons e comunidades de prática reduzem o Shadow AI e aumentam a competência técnica do time.

  4. Garantir infraestrutura segura e escalável. Escolha soluções que permitam integração com os provedores de nuvem preferidos e que mantenham os dados sob controle da organização, garantindo privacidade e conformidade. Arquiteturas híbridas ou de nuvem privada podem oferecer flexibilidade sem comprometer a segurança.

Arqueum DMDocs + Arqueum AI Hub: gerenciando processos e documentos

O Arqueum DMDocs exemplifica como a IA pode transformar a gestão do conhecimento. Substituindo sistemas legados, a solução vai além do simples arquivamento:

  • Busca semântica e compreensão de linguagem. Permite pesquisas por conteúdo e contexto. Por exemplo, um gestor pode buscar “regras de movimentação de pessoal” e o sistema retorna os documentos corretos mesmo que tenham termos diferentes, graças à indexação semântica e processamento de linguagem natural.

  • Análise de Informações. Transforma dados brutos em insights acionáveis com painéis interativos e relatórios personalizados. Identifica tendências, padrões e apoia na tomada de decisões estratégicas baseadas em evidências.

  • Resumos e Insights. Resumos concisos de documentos longos e complexos, destacando os pontos mais relevantes. Economiza tempo e permite que você concentre-se nas informações críticas para o seu negócio.

  • Controle automático de versionamento. O sistema notifica quando um documento precisa de atualização, encaminha-o para revisão e arquiva versões anteriores, reduzindo riscos de compliance e garantindo que todos acessem a versão mais recente.

  • Acesso móvel e usabilidade. Com interface amigável e compatibilidade com dispositivos móveis, a informação fica acessível “no momento certo, no local certo”. Por exemplo, supervisores em campo podem consultar procedimentos pelo smartphone antes de executar tarefas de risco, aumentando a segurança e a eficiência operacional.

  • Fortalecimento da governança. A plataforma reforça a governança documental e de processos, garantindo conformidade e fornecendo relatórios de indicadores (como tempo médio para encontrar informações). Isso permite identificar gargalos e oportunidades de melhoria contínua.

Para ampliar ainda mais o valor, a Arqueum colocou a IA no centro da inovação do produto. O Arqueum AI Hub permite aos clientes do DMDocs conectar serviços de IA (GenAI, tradução, síntese de voz, reconhecimento de documentos, etc.) ao provedor de nuvem de sua escolha (Azure, AWS ou GCP). Os dados permanecem armazenados na infraestrutura da empresa, garantindo confidencialidade e privacidade, enquanto as funcionalidades de IA podem ser ativadas ou desativadas conforme a necessidade. Esse modelo promove uma IA segura e responsável, otimiza custos e dá autonomia às organizações.

Com o AI Hub, é possível literalmente conversar com processos e documentos: um colaborador pergunta “quais são os passos para homologar um fornecedor?” e o sistema responde com base nos processos, formulários e documentos conhecidos – sempre respeitando o contexto de acesso do usuário. A IA não usará um conteúdo ao qual o colaborador não tenha acesso para fornecer a resposta.

Ao liberar tempo e facilitar o acesso ao conhecimento, a tecnologia permite que analistas e gestores se concentrem em estratégias que gerem valor para a organização e para a sociedade.

Considerações finais

O panorama comparado mostra que a GenAI já é uma realidade concreta, mas sua adoção plena exige superar barreiras estruturais. Embora 78% das empresas no mundo usem IA[2], poucas a integraram com governança e ética robustas. No Brasil, o debate avança, mas estratégias formais ainda são raras e persistem lacunas de capacitação e orçamento.

Para que ferramentas como GenAI e outras soluções de IA gerem resultados sustentáveis, líderes precisam repensar processos, investir em capacitação e estabelecer estruturas de governança e ética. A integração da IA à gestão do conhecimento – como demonstrado pelo Arqueum DMDocs – elimina desperdícios de tempo, melhora a conformidade e potencializa a tomada de decisão. O Arqueum AI Hub prova que é possível inovar sem abrir mão da segurança: os dados permanecem sob controle do cliente, enquanto serviços de GenAI são ativados conforme a necessidade.

Este é o momento de transformar entusiasmo em ação estratégica: estabelecer uma visão de futuro, capacitar as equipes e adotar plataformas que combinem automação e IA com governança, segurança e ética. Dessa forma, as organizações estarão preparadas para prosperar na economia do conhecimento impulsionada por IA, convertendo a enxurrada de dados em vantagem competitiva e valor para a sociedade.

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Escrito por Fermin Piccolo

CTO na Arqueum

Especialista com mais de 25 anos de experiência em ajudar empresas a otimizar a governança corporativa e a gestão de documentos por meio da tecnologia.

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Referências

  1. Piccolo, F. R. R. (2025). Do Big Data ao conhecimento organizacional: limites e possibilidades da IA na governança corporativa. Research, Society and Development, 14(9), e6714949560. Disponível em: https://doi.org/10.33448/rsd-v14i9.49560 

  2. Stanford Institute for Human-Centered Artificial Intelligence (2025). Artificial Intelligence Index Report 2025. Disponível em: https://aiindex.stanford.edu 

  3. Cardillo, A. (2025). How Many Companies Use AI? (New 2025 Data). Exploding Topics Blog. Disponível em: https://explodingtopics.com/blog/companies-using-ai

  4. MIT Technology Review Brasil & TEC Institute (2025). Mapa GenAI no Brasil: Da estratégia à implementação. Disponível em: https://rd.mittechreview.com.br/tec-report_genai

  5. Manyika, J., Chui, M., Bughin, J., et al. (2012). The social economy: Unlocking value and productivity through social technologies. McKinsey Global Institute. Disponível em: https://www.mckinsey.com/capabilities/people-and-organizational-performance/our-insights/the-social-economy

  6. Forrester Consulting (2024). The Total Economic Impact™ of Microsoft Power Automate. Disponível em: https://tei.forrester.com/go/microsoft/powerautomatetei/docs/TEI_of_Microsoft_Power_Automate_PDF.pdf

  7. Ponemon Institute LLC & Globalscape (2017). The True Cost of Compliance with Data Protection Regulations. Disponível em: https://static.fortra.com/globalscape/pdfs/guides/gs-true-cost-of-compliance-data-protection-regulations-gd.pdf

  8. Merkulov, P. (2018). The True Cost of Compliance. Corporate Compliance Insights. Disponível em: https://www.corporatecomplianceinsights.com/true-cost-compliance/

 
 
 

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